Lobo à Colina de São Roque

Pedro Góis Nogueira
6 min readJan 18, 2025

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Les Photo

Inquéritos de satisfação

Este relativismo doido

Rede presa em casa

Nas casas

Marchar contra

Entrar no bairro, na colina

Fui.

Lobo gélido insatisfeito

De humores fora da toca

Não vos digo nunca onde

Como nunca sei

Onde você mora, ou sei

Explorar o que há para explorar

Como está Lisboa, como está?

Como está Lisboa hoje, como está

A subir e a descer subir e descer Bruschetas

O Forcado Peixe laranja

É a Rua da Rosa. a Mamie Rosa, chapéus

Galo de Barcelos

Cozinha trendy é portuguesa é trendy

É portuguesa Sim

E o Brás Grogs

Lobo à Colina de São Roque.

Dança da Comida

Ao fundo do fundo do fundo

O Mini-preço Um

É gente a mais, já almoçaram Fidalgo Faia vazio

E o faro

Pirata bar um preto homem

Martelaria pesada

Tá-tum-tá-tá-tum-tá-tá-tum

Ai

Precisava de saber mesmo como te escondias

Atrás desta merda na tua toca

Tua Casa casa sempre casa

Sempre casa sempre

Em casa

Rá-tá-tá tá-tá tá-tá-. tá-tá-tá-tá-…

Travessa da Queimada

Bairro Alto massa

Rua da Atalaia tudo

Em película quando alcanço as Catacumbas

Memórias de noite

Tu, eu, Alcateias consoante décadas

Lá fora acasalados num carro

Lá fora, disse, sou

Lobo, nunca fui apanhado.

Nas escadas de um prédio mandou vir

Com o barulho fui daqui até à Alameda.

Mandei-te o convite, está lá no facebook…

Sopro o sopro ouvia isto aos dez anos

Abro a boca o focinho ao cheiro oleava

Faz séculos

Devorava isto tudo.

Às barcas, às barcas! Pelo mar e pelo mar…

Ás malvas! Ás malvas!

Estimados

É como é como comer papel

Souvenir tamanho não é memória

Mera é mera a constatação

Voilá, era um convite

Vou Shop-shop mini-mercado

Travessa da Boa Hora, antes disso

Uma africana só para dizer que aqui estou sempre

No antigamente

Século XVII, XVIII, sobretudo

E o terramoto? O fartote?

Antes, quando antes era tudo bilingue, bom

Jamais esquecerei os estridentes risos

Dos escravos iguais

Todos iguais na catástrofe eu é que nunca

Mas nunca fiz parte de manadas, nem de exércitos

Nem de futebóis, sou lobo, não faço espécie

Não sou espécie da espécie

Se é que me faço entender

Dessa espécie, bom, não vos digo mais nada…

Bem, sei, só me querem porque eu vos dou pistas

Só eu vos dou pistas as pitas

Só eu

Simulo o passado, conto-vos que conto,

Fui vou e já fui, e já vou…

Pistas, pistas, pistas gargalhadas pistas gargalhadas,

Bem gargalhadas

Hei! Mas não me riu nunca me riu nada disto tem

graça nenhuma

Ou tem se tem, por outro lado

Posso contar do passado…

Ou não, não, não, não conto do passado como

Não conto o passado como

Não conto com o passado

Ouviram?

Uivo a isso Vão bardamerda,

Uivo a isso

A todos bardamerda a todos, uivo a isso

Só mesmo quando estou disposto

Bem disposto quando dou uivo

Por ela uivo uivo ó bardamerda

Soubessem vós como tenho de me centrar no alimento

Isso que odeiam, isso, e odeiam-me!

Isso, odeiem-me

Sou lobo não sou nenhum congregador de almas

Soubessem vós como estou como vou

Toda a concentração ao máximo é sempre o mínimo

Um mínimo olímpico, soubessem vós

O que são trezentos mil anos Por exemplo…

Vá-lá Lisboa ta-ra-ra-ra-ra-ra-rã…

Rá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá….

Edda em verso perdiz Ragnarok pardalado

Lobas à colina! venham

Bom cu trans-oriental transexa eu miro é o tempo

Nah!… Acreditaram, era?

Nah, cuba exótica, cheirei-lhe Ouvi-a mais tarde….

Três horas depois….Já estava longe…

à beira do cais

Ouvi tudo… Os sapatos a serem

descalçados ela a deitar-se no balcão

O bar às escuras até vos digo as horas cinco da tarde

Não acreditam? Querem cheirar?

Faro o faro

Fixo o fixo

Vou o vou ido o ido

Sou todo ido e estou

Estou o estou

Fenrir e príncipe nas margens do Volga

Até predominei em Sevilha Austrália a pé

Vossos céus coitados, não têm disso

Vossos infernos, pior, estão cheios de água

Não atravessam nada se não atravessam

Nem pelo inferno…

Mas vamos lá vamos lá:

Cuba à vista! Num bar!

Uivo a isso Opá

The Pint Estation

Espera aí na varanda

A salsa, canta a saliva,

Sientes que te quiero más con mi…

Lalalala Sou um Shazam!

Disseram-me isso, sou um Shazam!

Não sei o que quer dizer mas aceito

Desafio aceite Voilá e já o era Atraio

E mais, mais, mais souvenirs mini-mercado

Do paquistão ou do Nepal je m’en fous

Tapa bucho tapas y pinchos Estrella Damn, diz lá,

Estrella Damn

Travessa de São Pedro Cuidado

O ponto seguinte do percurso é cansado:

Tacão Grande

Mil Novecentos e Noventas Entas

A Catarina diz que falávamos muito sobre cinema

Nós dois nos noventas entas

Uivo a isso!

Mas é andar….

Parafernália a parafernália

Parabólica branca medonha de alta enorme cobre

Todo o MC da esquina

Como se ninguém soubesse

Como as ruas são curtas as casas contíguas mas aquilo enorme

A anunciar um fim de um bairro, mesmo que

hipotético É o fim é o fim eu já vi tantos fins

Só esta colina de São Roque sempre a começar

Sempre a acabar sempre a começar sempre

Vá das ruas marcadas Memórias…

A parabólica diz Contera Ai a Alfaia Comi lá,

Uivo a isso mas

Ai ai ai Tasca Tequilla Bar Mojito Mezcalina

Conchonchada e enchilada! Bom, não percebo a

letra… Pancho Collins? Sim. Et Sim: The Corner

Irish Pub, bom, agora leio melhor: Sex On The

Beach, Irish Car Bom The Westies, já agora…

Whitey Bulger, já agora Steve Coonan, pois, South

Boston, ai como eu sou Bela colina

Azúlea cinza e perigosa

Lá percorri E para sul: Rua do Norte Hostel

marisqueira aché Cohiba Alface Hall Cobalto

Corgo Alto Coturno? Travessa de Esperança

Ristorante italiano Adega Machado Fado fado fado

Bad bones tatoos Baco Alto. Baco Alto?

Ouvir melhor:

Cê viu a mesma casa? Já, já-já… São Já

Está O Farta Brutos, sim, o Farta Brutos

Isto em tempo de farta Brutus é monta

Querem o quê?

Tempos não são tempo

Não entendem?

Não explico

Olhem o Leitão & Irmão Wine Lover, isso!

Está bem, está…

Isso, Severa Fado, isso!

Isso sim, Severa Fado Severa a escrita encarnado

Vende a tempo antigo

O maço de Marlboro.

Não sigo, nem deixo de seguir

O vazio & Trendy Bliss Lisbon

Apartments Metállica opaca ó

Pá tanto faz aqui como em Pasteur

Assim como assim

Não é nada é nada

Afinal

O Cantinho das Gáveas

Nesse

Estádio já não entro

Onde havia amendoins antigamente

Onde fumavas

O Mike e o Armando anarca

Tinha estado com o Luiz Pacheco e toda a

Gente que não conheci

Lá não estava mas estava

Sim, falo de ti

E a jukebox ai ai ai a jukebox agora

Ouvem mais a jukebox do que quando a jukebox existia fazem bem

Usar do instinto

Da sobrevivência não conhecem a forma

As formas como Lisboa é manada em texturas das suas peles

Não conhecem nada não têm culpa vão conhecendo, é isso

Clichés noites perdidas a mil paus granadas.

Não? Meu amigo: 1913, vai pó caralho, ok?

Sou Lobo, não um amendoí temporal

Ou se quiseres palhaços, um amendoim em temporal: tu!

Porquê? Comia-te em cerveja.

Cuspia-te até a beber uma Cristal ó contingência

Santa Contingência

Vem-me a mim

Via-me a mim mas eu não estava

Então como então agora presente sempre presente

Acendo o lume ainda me fogem…

Ofendem

Não estão a ver a minha casa nem as suas

A verdadeira face, como se diz, sou lobo, não contautor de anedotas – ainda por cima as vossas.

Antes diria, morram, morram todos

Kebabs

Ai ai, uivo a isso!

Olhem bem para o

exemplo da Taberna Minhota

Bitoque costeleta de novilho

Ameijoas à Bolhão Pato

Falafel durum vegetarian pita kebab

Pastel de bacalhau o dobro do tamanho

e a Ginjinha a euro e meio.

Publicado em Estrada dos Prazeres, Letras Paralelas, 2017.
Pode adquiri-lo aqui.

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Pedro Góis Nogueira
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