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AO SONHO IMPUNHA-SE O CANSAÇO

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Ao sonho impunha-se o cansaço. O cansaço descansava-me as forças. Ao sonho não impunha a menor resistência, poderia até dormir de pé. Sonhos impressionantes, sonhos impressionáveis, como a água. Nesse enquanto eu escrevia o sonho, esticadas as pernas sobre a secretária. Claro que se me inundava o chão da sala. Até via os peixes nadarem nela. No chão, debaixo dos meus pés, era como se estivessem num lago. A porta da varanda aberta. Não via como o rio vinha de fora. Para tirar as pernas da secretária, precisava mesmo despertar.

Publicado em Nem paz, nem guerra, Urutau, 2020.
Pode adquiri-lo no meu site: pedrogoisnogueira.eu/livraria.

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Pedro Góis Nogueira
Pedro Góis Nogueira

Written by Pedro Góis Nogueira

Poems, short stories, essays and aphorisms | Poemas, contos, ensaios e aforismos.

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